Para muitos compradores, a ideia de adquirir um carro de leilão pode parecer atrativa devido aos descontos oferecidos. No entanto, especialistas alertam que esse tipo de compra pode trazer diversos problemas, como riscos mecânicos e dificuldades na revenda.
Os riscos envolvidos na compra
Segundo Diego Fischer, CEO da Instacarro, empresa especializada na compra e venda de carros usados, a aquisição de um veículo de leilão não é uma boa escolha. “Não vale a pena fechar esse tipo de negócio. A procedência do carro é desconhecida e é uma compra feita no escuro. Embora haja um desconto, os gastos futuros podem ser elevados e imprevisíveis”, explica.
Lucas Siqueira, gerente comercial da Instacarro, destaca outro fator relevante: a real condição do veículo. “Muitos desses carros podem ter ficado expostos ao sol e à chuva por longos períodos nos pátios do leilão, o que pode comprometer componentes mecânicos e a parte elétrica”, afirma. Além disso, há questões relacionadas à documentação: “Alguns carros possuem no documento a informação de que passaram por leilão, enquanto outros não”, alerta o especialista.
Tipos de leilão
Os carros podem vir de diferentes tipos de leilão. Segundo Siqueira, os três principais são:
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Leilão de montadora: Nessa modalidade, os veículos pertencem à frota da própria fabricante. “É a opção menos arriscada para quem quer comprar um carro de leilão, pois a conservação tende a ser melhor. No entanto, isso não impede que o carro tenha ficado exposto a condições climáticas adversas”, explica Siqueira.
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Leilão de recuperação financeira: Inclui veículos retomados por bancos e órgãos como o Detran e a Polícia Federal. Esses carros podem ter históricos diversos, o que aumenta o risco da compra.
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Leilão de seguradoras: Carros vendidos por seguradoras geralmente já passaram por sinistros, como acidentes graves ou recuperação de roubo e furto. “Nessa modalidade, há um grande risco de encontrar veículos com danos estruturais, muitas vezes não visíveis a olho nu”, alerta o especialista.
Dificuldades na revenda e no seguro
Outro problema apontado pelos especialistas é a revenda desses veículos. “Quem trabalha no setor automotivo sabe identificar um carro de leilão e tende a evitá-los, justamente por conta dos riscos envolvidos”, destaca Siqueira. Isso pode reduzir significativamente a procura pelo carro no mercado, tornando a venda mais difícil e reduzindo ainda mais o preço de revenda.
O seguro também é um fator preocupante. Muitas seguradoras se recusam a cobrir veículos que passaram por leilão ou cobram valores significativamente mais altos. “Quando aceitam, a indenização em caso de sinistro pode ser reduzida, chegando a apenas 70% do valor da tabela Fipe”, explica Siqueira.
O desconto compensa os riscos?
Os carros vendidos em leilão podem ter descontos de até 50%, dependendo do modelo. No entanto, a desvalorização no mercado costuma ser alta. De acordo com Siqueira, em comparação com um carro comprado de um dono particular ou concessionária, o valor pode cair de 30% a 40%, considerando fatores como quilometragem, histórico de uso e possíveis avarias.
Diante de todos esses aspectos, os especialistas recomendam cautela antes de optar por um carro de leilão. A aparente economia pode acabar resultando em prejuízos futuros, tornando a compra desvantajosa.