Ciência e tecnologia

Brasil fecha acordo com a Starlink de Elon Musk para combater uso criminoso na Amazônia

O Ministério Público Federal (MPF) anunciou nesta sexta-feira (28) um acordo inédito com a Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, para combater o uso do serviço por garimpeiros ilegais e outros grupos criminosos na região amazônica.

Nos últimos anos, o sistema da Starlink — conhecido por oferecer internet rápida e portátil — se espalhou rapidamente pela Amazônia, onde o acesso era historicamente limitado e instável. Mas a mesma tecnologia que conectou comunidades isoladas também passou a ser utilizada por criminosos para organizar operações ilegais, realizar pagamentos e até receber alertas sobre fiscalizações policiais.

Esse é o primeiro acordo do tipo, após anos de pressão das autoridades brasileiras.

O que prevê o acordo?

A partir de janeiro de 2026, a Starlink será obrigada a:

  • Solicitar documento de identidade e comprovante de residência de todos os novos usuários na região amazônica;

  • Compartilhar com autoridades brasileiras os dados de registro e geolocalização dos terminais usados em áreas sob investigação;

  • Bloquear o serviço imediatamente se houver confirmação de uso para atividades ilegais.

O acordo terá duração de dois anos, com possibilidade de renovação.

Internet e crime ambiental

A chegada da Starlink à Amazônia, em 2022, mudou a logística do garimpo ilegal, segundo as autoridades. Agora, os criminosos conseguem operar em locais extremamente remotos, onde só é possível chegar de avião pequeno ou barco, graças à internet de alta velocidade.

O garimpo ilegal, além de destruir a floresta, contamina rios com mercúrio e ameaça a vida de povos indígenas, como os Yanomami.

“A internet via satélite transformou a forma como o garimpo ilegal opera. Essa nova realidade exige uma resposta legal proporcional,” afirmou o procurador federal André Porreca.
“Com o acordo, a conectividade em áreas remotas passa a ser também uma ferramenta de responsabilidade ambiental e soberania.”

Fiscalização em risco

Segundo Hugo Loss, coordenador de operações do Ibama, os criminosos usam a Starlink para transmitir em tempo real a localização de equipes de fiscalização.

“Isso compromete a segurança dos nossos agentes e atrapalha as operações. Cortar o sinal em áreas de garimpo, principalmente em terras indígenas e áreas protegidas, é essencial, porque nesses locais a internet só tem servido ao crime.”

Jair Schmitt, chefe de proteção ambiental do Ibama, destacou que também é necessário regulamentar com mais rigor a venda e o uso desses equipamentos no Brasil.

A agência de notícias Associated Press entrou em contato com a SpaceX, mas não recebeu resposta imediata sobre o acordo.

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